Dica Clínica: Diastema Interincisivos
postado em 11/10/2019
Dica Clínica: Diastema Interincisivos
Por: Liliana Ávila Maltagliati
Mestre e Doutora em Ortodontia pela FOB-USP
Professora Adjunto da Universidade UNIVERITAS-UNG
Autora do livro “Sistema Autoligado – Teoria e Prática” - Editora Plena
O diastema interincisivos representa um comprometimento estético e psicológico para os seus portadores e frequentemente refere-se como principal queixa da busca do paciente por tratamento ortodôntico1. É uma má oclusão com frequencia muito variável na população. Acomete aproximadamente entre 3,7% a 36,8%2. A etiologia é diversa e muitas vezes responsável pelo insucesso na estabilidade do seu tratamento. As causas podem variar de alterações anatômicas dentárias, gerando a chamada discrepância de Bolton até alterações periodontais como defeito ósseo ou inserção baixa de freio. O método de tratamento varia dependendo da extensão desse diastema, podendo ser fechado com procedimentos de dentística restauradora ou aproximando os dentes ortodonticamente.
Quando opta-se pelo fechamento ortodôntico, há que se ter cuidado com a mecânica empregada para não incorrer em instabilidade ou piora de relações oclusais como os trespasses horizontal e vertical. Sabe-se que no procedimento de fechamento de espaços, o momento criado pelo vetor de força empregado cria um movimento pendular que aumenta a angulação mesial e lingual. Especificamente, o aumento da inclinação lingual gera um abaixamento da superfície incisal dos incisivos que acaba por acarretar aprofundamento da mordida. Quando essa mordida já é profunda no paciente, corre-se o risco de piorar essa condição o que estende e complica o tratamento posterior complementar.
Para controle desses efeitos colaterais, sugere-se que o fechamento do espaço seja iniciado apenas ao final do alinhamento e nivelamento, em fios mais calibrosos e de liga de aço inoxidável para que o momento criado não consiga se expresser ou seja minimizado pela espessura e rigidez do fio. No entanto, por ser a principal queixa da maioria dos pacientes que apresentam essa má oclusão e o motivo da busca dos mesmos pelo tratamento, postergar a solução dessa condição anti-estética pode trazer angústia ao paciente e desgaste na relação professional/paciente. Sugerimos então um método simples e prático de se obter rapidamente esse fechamento, ainda em estágios iniciais do tratamento, utilizando braquetes autoligados, fios de níquel titânio e stops como auxiliares do procedimento. Esse método visa conseguir uma melhora significativa do problema, em curto espaço de tempo e com controle efetivo dos efeitos colaterais. Utilizou-se braquetes e fios Orthometric (Ultra-P e Flexy Copper Niti). O primeiro passo é amarrilhar apenas os incisivos centrais, com fio de amarrilhos .025” até que se observe pressão sentida pelo paciente ou isquemia da papila gengival, sinal clínico de ativação do amarrilho. Esse amarrilho deve ser posicionado por baixo do fio. Na consulta de retorno e nas subsequentes, ativa-se esse mesmo amarrilho até que os incisivos centrais estejam unidos. Após o fechamento do espaço entre os incisivos centrais, remove-se o amarrilho e coloca-se stops justos amassados nas distais dos braquetes desses incisivos centrais o que vai proporcionar estabilização do movimento, ancoragem para a tração dos incisivos laterais e estabilidade do fio que não poderá girar pelo arco dentário. Até esse momento a estabilidade do fio pode ser conferida com a dobra distal, mas após a colocação dos stops essa dobra se torna desnecessária. Com os stops amassados ao fio, coloca-se um novo amarrilho conjugando o incisivo lateral ao central, bilateralmente e procede-se ao mesmo protocolo de ativação até que o espaço entre os laterais e os centrais se feche. Então, remove-se os amarrilhos e os stops são deslocados para a distal dos braquetes dos incisivos laterais, fazendo um efeito “conjugado” e assim se mantém até o final do alinhamento, com a instalação de um fio rígido retangular de aço que poderá ser utilizado para fechar os espaços remanescentes que forem criados nas distais dos incisivos laterais e que não comprometem o paciente esteticamente. Com isso temos uma resolução rápida, simples, eficaz e que satisfaz o paciente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 - Jaija AMZ, El-Beialy AR, Mostafa YA. Revisiting the Factors Underlying Maxillary Midline Diastema. Scientifica, 2016: 1-5.
2 - Sekowska A., Chalas R., Dunin-Wilczynska I. Width of dental arches in patients with maxillary midline diastema Folia Morphol. 2018, 77(2): 340-344.
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